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Szczesliwy Dzien urodzenia*, Stan!



Tão vendo o primeiro cara na foto? Da esquerda pra direita?

Pois é... Se ele estivesse vivo, hj seria o seu aniversário...

Não sou do tipo que relembra a data da morte. Sei que é relevante, porém gosto de pensar no dia do nascimento como algo mais especial. Coincidentemente é hj...

Entrei no quarto da minha avó pra ver como ela estava (ela não anda muito bem de saúde) e encontrei soluçando. Perguntei o que era e ela me contou que hj era o aniversário do meu avô paterno que não cheguei a conhecer.

Ele foi bem importante pra minha família. Afinal de contas foi ele quem deu o nome pra família e conseguiu dar educação ao meu pai. Explico: na metade da década de 40 minha avó trabalhava como empregada de uma abastada casa de italianos em Buenos Aires.

Ela era recém chegada do interior e era o seu primeiro emprego na vida. O filho da patroa se engraçou com ela e o resultado foi a gravidez do meu pai. Filho direto de italianos.

A mãe do playboizinho de merda fez o que se esperava de qualquer mãe burguesa da década de 40: Mandou o filhinho querido pra estudar Europa e botou a empregada no olho da rua...

Minha avó sem ter aonde ir passou por maus bocados. Isso até conhecer o meu avô. Recém chegado da Europa devastada pela 2º Guerra Mundial (onde tinha servido em favor dos aliados), era uma dos milhares de imigrantes europeus que desembarcaram pela América em busca de vida nova e paz.

Ele a acolheu e a fez sua esposa, além de assumir o filho que trazia na barriga e dar-lhe o seu nome: Bondziul

Stanistaw (pronuncia-se Stanislao) Bondziel (que no caso acabou virando Bondziul).

Stanislao Bondziul, esse era o nome dele!

Serviu na Itália, mais precisamente em Monte Cassino. Vizinho a Monte Castelo onde estava ocorrendo a campanha brasileira.

Foi artilheiro de B-52. Sabe aquela metralhadora que ficava no nariz do avião? Pois é...

Essa foto foi feita em Berlim. Já as vésperas da tomada aliada. O sujeito agachado no canto esquerdo da foto era o seu melhor amigo. Morreu na tomada da capital alemã, vitima de uma bomba aérea...

Meu avô o viu morrer.

Ele adquiriu bastantes traumas devido à guerra. Bebia feito um gambá, vodka russa de preferência, ele dizia que se acostumou a toma-la por causa do frio que fazia na Europa.

Minha avó diz que ele até passou por um campo de prisioneiros na Rússia. De onde fugiu...

Tmb rodou por boa parte do mundo.

Morreu em Buenos Aires aos 46 anos de idade, vitima de cirrose.

Tem até uma estória engraçada a respeito disso. Bem nos moldes de Lenda Urbana. O meu pai conta que passados 2 anos do enterro do meu avô, era necessário retirar os ossos, crema-los e espalhar as cinzas. Eis que chamam o meu pai às pressas do cemitério. O corpo do velho ainda estava quase intacto!

Foram necessários mais 2 anos na cova para finalmente os vermes poderem comer o cadáver e deixar o ossos limpos... Meu velho diz que ele se conservou assim devido à bebida. Haha! Vai saber né? Talvez ele tivesse sangue na corrente alcoólica.

As cinzas foram jogadas de helicóptero em algum ponto do litoral do Espírito Santo. Minha tia fez a gentileza logo após termos chegado ao Brasil.

E é lá que descansam os seus restos mortais. No mar, seu ultimo pedido foi cumprido!

Hoje olhando a foto me dá uma saudade esquisita. Eu nunca o conheci e mesmo assim sinto que se tivesse a chance teria me dado muito bem com ele. Caráter forte, não gostava de mentiras e era trabalhador a pampa! Típico das pessoas da época...

É meu velho Stan! Saudades! Apesar de eu não ser seu neto de sangue (corre em minhas veias o sangue italiano do patife lá, alias dizem que eu me pareço muito com ele), me sinto como tal!

Espero que vc esteja bem onde estiver. E que olhe por nós!

Um dia... Vamos nos conhecer...

...


Vaticano, 1945 – Confraternização dos soldados poloneses


* Parabéns, Stan! (em polonês)

Bom final de semana gente!

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