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(Madrugadas)

Nos idos 97 e 98 eu tinha o saudável hábito de ir dormir só depois das 2 da madrugada...

A vida era calma pra mim. Ainda não trabalhava e em pleno 2º Grau podia me dar ao luxo de acordar depois das 9, pois estudava de tarde. O lance era que não tinha computador e nem me ligava em ficar lendo ou estudando, meu barato era ficar vendo TV até altas horas... Típico burguês, né?

Sintonizava a Band, ela era a única emissora que passava algo que prestasse naqueles dias. Nessas madrugadas, entre uma cochilada rápida e um gole de Coca, até que deu pra assistir a alguns filmes bem legais (na minha opinião).

Não vou me meter a fazer analises deles. Existem sites especializados que fazem isso muito bem, apenas quero me lembrar do que tais películas me fizeram sentir na época. Se ficaram na lembrança é pq algo de especial tiveram. E justo hoje, não sei bem pq, elas retornam à minha memória...

Trainspotting – Sem Limites


Esse era, foi e será um dos filmes mais cult que eu já vi. Anárquico! Diferente de tudo que já tinha visto (até o momento) e simplesmente genial. A sinopse é bem simples: Em Edimburgo(Escócia), alguns "amigos" que na verdade são ladrões e viciados, caminham inexoravelmente para o fim desta amizade e, simultaneamente (com exceção de um do bando), marcham para a autodestruição.

Me pareceu sujo, desafiador e vulgar num primeiro instante. Pensei: “Pô! Mais um desses filmes de algum diretor europeu cheio de seqüelas por causa das drogas”. Foi um feliz engano...

Algumas pessoas tendem a caracterizar esse filme como “um filme para jovens” (como fizeram com Kids), porém ele é mais que isso. Pra mim ele explora bem o subconsciente de um drogado, coisa que independe de idade. Qualquer um pode ser adepto a vícios, o grande lance é saber até quando vc vai se deixar levar por eles.

Como o protagonista (Ewan McGregor) diz no final:

“Agora eu voltei ao caminho bom: Escolher a vida. Escolher um emprego. Escolher uma família. Escolher uma puta televisão. Máquinas de lavar, carros, CD players, abridores de lata elétricos. Pra que eu quero tudo isso? Não importa! Vc vai ver! Eu me tornarei uma pessoa normal. Como vc...”

Sarcasmo e ironia ao extremo. A cena do café da manhã com lençol cheio de m*** e do mergulho inspirador que o Renton faz num conhecido objeto de porcelana, são clássicas.

Antes do Amanhecer


Tava chapado de sono nesse dia. Nem ia ligar a TV. Mas a falta do que fazer era tão crônica que resolvi ceder ao impulso consumidor e torrar alguns neurônios antes dormir.

O filme é basicamente isso:

Jesse (Ethan Hawke), um jovem americano, e Celine (Julie Delpy), uma estudante francesa, se encontram casualmente no trem para Viena e logo começam a conversar. Ele a convence a desembarcar em Viena e gradativamente vão se envolvendo em uma paixão crescente. Mas existe uma verdade inevitável: no dia seguinte ela irá para Paris e ele voltará ao Estados Unidos. Com isso, resta aos dois apaixonados aproveitar o máximo o pouco tempo que lhes resta.

Pô! O filme é bonito, bem bolado e deixa um tom de melancolia e saudade. Afinal de contas: Quem nunca encontrou alguém com quem tivesse uma conversa tão gostosa que não gostaria de se encontrar novamente, apenas para se falarem?

Bons diálogos a respeito de relacionamentos (a cena em que eles falam sobre os seus exs é legal) e cenários incríveis. Não esqueço nunca da cena em que um poeta que os aborda e pergunta se eles querem um poesia. O cara simplesmente surge do nada e depois de fazer a poesia, vai se refestelar no cais da cidade. Só ele, um lápis, uma garrafa de vinho e uma folha de papel. Boêmios...

Pra não falar da cena na cabine da loja de musica. E a do bonde: “Vc deseja me beijar?”

Logo haverá a continuação: Antes do Por do Sol

Ah! O final tmb é legal, um pouco triste, mas legal. Principalmente pra quem é romântico. Recomendo pra quem está apaixonado(a) por alguém que está longe. O longa é bem sugestivo...

Fandango


O nome é de salgadinho de quinta, mas o filme é legal.

No final da graduação na faculdade em 1972, cinco estudantes apegam-se a uma última despedida da estrada . Para comemorar o privilégio da juventude. Bem ao estilo Carpe Diem

Com um desconhecido Kevin Costner (na época), o filme me lembra aqueles road movies dos anos 60 e 70. Entre os estudantes existem todos os tipos: o CDF que vive tentando entrar na turma, o pássaro livre (doidão) do grupo, o alheio aos fatos, o gordão bobo que fala pouco e o sinistro(que guarda um segredo). Todos eles vão em busca do “Don”, que eu até então achava que fosse um filósofo hippie ou coisa parecida (a historia se passa nos anos 70)

Lembro principalmente da cena do trem (muito hilária), do pulo de paraquedas e da descoberta do tal “Don”. A lembrança desse filme me traz nostalgia de uma época que ainda não vivi. O lance do conflito de gerações e das saudades que os personagens irão sentir da vida na faculdade...

“Isto é um pequeno passo para um nós, mas um grande passo para um loser como vc!” – esse foi o incentivo que o líder e maluco do grupo deu ao CDF antes deste pular de avião para pagar uma aposta. Uma espécie de rito de passagem para entrar na turma. Sendo que no lugar do paraquedas principal não havia nada além de algumas roupas do varal... Roupas que ironicamente iriam salvar o CDF depois...

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Saudades daquelas madrugadas....

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