(continuando)
Eis que um dia, este que vos fala resolve sair de fininho pra gandaia. Era dia de semana e eu tava queimado com o pessoal de casa. Sempre que saia na semana só chegava no outro dia. Detonado! E logicamente sem condições de trabalhar...
Meu velho já tinha até avisado: “Si boçe salir sin mi permission e eu descobrir. Bou cortar o teu salário e boçe vica sin salir durante un mês!”.
E eu: “Tá bien, papi...”
Mas quem disse que eu obedeci? O chamado à gandaia era maior... Esperei tocarem as 12 badaladas e me arrumei. Olhei o quarto dos velhos. Barra limpa! Liguei pro meu colega e peço pra ele me esperar na esquina de casa. Pra não levantar suspeitas...
Mal saio pelo portão e vejo que tem uns 3 gatos pingados conversando em frente de casa. Não seria nada demais se dentre eles não estivesse a mina mais chata, X9 e fofoqueira do bairro. Sim! Ela é a minha vizinha! Irmã de dois colegas meus. Essa desgraçada já me entregou diversas vezes. Porra! Que merda eles estão fazendo a esta hora na rua e num dia de semana? Droga!
Felizmente me vem um plano na cabeça. Eu moro em casa de esquina. Como minha casa é na ultima rua do conjunto, então onde ela termina começa a área verde. Humm... interessante... Eu poderia sair pela lateral da casa! Temos até um quintal com quadra e tudo. Já rolaram diversas estórias por lá. Um dia eu conto...
Mas sim! Eu estava naquele dilema: Ou saio na rua tentando utilizar alguns dos meus poucos dotes furtivos ou arrisco por uma daquelas trilhas da infância no meio do mato, que por sinal vão dar na rua de baixo...
Pô! Mato? Vai sujar a minha roupa... Mas se eu vestir duas calças? Aí depois é só descartar a suja no carro e vambora! E foi o que fiz...
Deu tudo certo. Gandaia boa... Já na volta (eram umas 3:30 da madruga, acho...) peço de novo pro meu colega me deixar na esquina de casa. Blz. Vou subindo a rua com um olhar de camaleão. Tenho que checar se ninguém esta me vendo. Acho que a essa hora não tem nenhuma alma viva mesmo, ó blz! Mas aí...
“Brrriiiimmmm!!!” – que barulho é esse???
Que los páreos! O vigia noturno!
Outro delator desgraçado! Esse é mais cruel, pois é pago pra abrir o bico. Fora que a esta hora da madruga eu todo vestido de preto sou pra lá de suspeito...O que fazer?
Ir pelo mato de novo? Sem chance...
Talvez ir lá, arrebentar o desgraçado na porrada e deixa-lo inconsciente. Humm... tmb não, ele anda armado...
Pedir silencio? Há! Eu não tava tão bêbado pra fazer uma leseira dessas...
Já sei! Vou dar a volta pela rua de cima! Assim quando ele estiver na parte de baixo não irá me ver entrando em casa. Genial Selph!
Mas teoria é uma coisa, já a prática é bem diferente. Mesmo porque nessas horas as famosas leis de Murphy têm terreno apropriado para agir.
Mas antes disso eu preferira entrar em ação. Let’s Go!
Atravesso a rua – certo! Vejo se ele esta descendo – certo! Faço hora pro desgraçado ir embora – certo! Entro na minha rua – certo! Vou até o portão de casa – certo! Prestes a entrar – certo!!! E...
Vejo que ele esta voltando – errado... Ele só foi até o meio da rua – errado? Ele esqueceu a lanterna em frente à casa vizinha! – errado! Ele vai me ver – Erradíssimo! Ele esta subindo a rua – Catástrofe! Tenho que correr! – Oh cara! Mau dia, mau dia!
Como o terreno ao lado da minha casa é razoavelmente grande, a única forma de protege-lo seria cercando-o. E na época com arame farpado...
Arghhh!!!
Parece sacanagem (quem dera tivesse sido), mas não foi... Aconteceu. Na ânsia de fugir, dou um pulo magistral pela cerca e me estrepo todo do outro lado. Instintivamente olho para ver se o vigia notou algo. Que nada! Essa mala parece estar no mundo Lua, acho que ele enche a lata pra poder ficar acordado toda a madrugada. Ou então se droga. Enfim...
Agora acabou! Finalmente em casa! Só me resta entrar pela porta lateral que dá acesso a garagem e pronto!
Mas aí sinto um rosnado forte...
Que porra é essa? Assombração?
Não... Assombração não rosna desse jeito e nem fica fazendo “grrr”. Só pode ser o...
Meu cachorro! O Bóris!
Mas não. Não era... Não mesmo...Era outro... Enorme... Preto e com cara de poucos amigos... Um vira lata super alimentado, bombado eu diria. Não sabia que cachorro de rua podia crescer tanto assim! O que será que andam jogando no lixo hoje em dia? Elemento X?
Ele late!
Que ousadia! Latir pra mim dentro da minha própria casa!
E continua latindo!
Ele deve dormir toda noite aqui e já deve considerar a quadra como território dele.
E late mais alto!
Tenho que silenciar esse bicho...
Começa a mostrar os dentes...
Será que ele vai avançar?
Ele avança!
E eu corro! Mas corro de uma maneira como eu nunca corri antes. Tento correr de maneira furtiva, ou seja, na ponta dos pés (parecia um flamingo querendo acasalar). Tudo pra não chamar a atenção do pamonha que estava vigiando a rua do lado de fora do quintal.
A conclusão da corrida, do barulho que inevitavelmente eu fiz, da fúria do meu papi e de toda a merda que deu depois, vc confere na próxima e ultima etapa deste continho cabuloso (entre muitos que aconteceram no Conjunto Fantasma!).
Eis que um dia, este que vos fala resolve sair de fininho pra gandaia. Era dia de semana e eu tava queimado com o pessoal de casa. Sempre que saia na semana só chegava no outro dia. Detonado! E logicamente sem condições de trabalhar...
Meu velho já tinha até avisado: “Si boçe salir sin mi permission e eu descobrir. Bou cortar o teu salário e boçe vica sin salir durante un mês!”.
E eu: “Tá bien, papi...”
Mas quem disse que eu obedeci? O chamado à gandaia era maior... Esperei tocarem as 12 badaladas e me arrumei. Olhei o quarto dos velhos. Barra limpa! Liguei pro meu colega e peço pra ele me esperar na esquina de casa. Pra não levantar suspeitas...
Mal saio pelo portão e vejo que tem uns 3 gatos pingados conversando em frente de casa. Não seria nada demais se dentre eles não estivesse a mina mais chata, X9 e fofoqueira do bairro. Sim! Ela é a minha vizinha! Irmã de dois colegas meus. Essa desgraçada já me entregou diversas vezes. Porra! Que merda eles estão fazendo a esta hora na rua e num dia de semana? Droga!
Felizmente me vem um plano na cabeça. Eu moro em casa de esquina. Como minha casa é na ultima rua do conjunto, então onde ela termina começa a área verde. Humm... interessante... Eu poderia sair pela lateral da casa! Temos até um quintal com quadra e tudo. Já rolaram diversas estórias por lá. Um dia eu conto...
Mas sim! Eu estava naquele dilema: Ou saio na rua tentando utilizar alguns dos meus poucos dotes furtivos ou arrisco por uma daquelas trilhas da infância no meio do mato, que por sinal vão dar na rua de baixo...
Pô! Mato? Vai sujar a minha roupa... Mas se eu vestir duas calças? Aí depois é só descartar a suja no carro e vambora! E foi o que fiz...
Deu tudo certo. Gandaia boa... Já na volta (eram umas 3:30 da madruga, acho...) peço de novo pro meu colega me deixar na esquina de casa. Blz. Vou subindo a rua com um olhar de camaleão. Tenho que checar se ninguém esta me vendo. Acho que a essa hora não tem nenhuma alma viva mesmo, ó blz! Mas aí...
“Brrriiiimmmm!!!” – que barulho é esse???
Que los páreos! O vigia noturno!
Outro delator desgraçado! Esse é mais cruel, pois é pago pra abrir o bico. Fora que a esta hora da madruga eu todo vestido de preto sou pra lá de suspeito...O que fazer?
Ir pelo mato de novo? Sem chance...
Talvez ir lá, arrebentar o desgraçado na porrada e deixa-lo inconsciente. Humm... tmb não, ele anda armado...
Pedir silencio? Há! Eu não tava tão bêbado pra fazer uma leseira dessas...
Já sei! Vou dar a volta pela rua de cima! Assim quando ele estiver na parte de baixo não irá me ver entrando em casa. Genial Selph!
Mas teoria é uma coisa, já a prática é bem diferente. Mesmo porque nessas horas as famosas leis de Murphy têm terreno apropriado para agir.
Mas antes disso eu preferira entrar em ação. Let’s Go!
Atravesso a rua – certo! Vejo se ele esta descendo – certo! Faço hora pro desgraçado ir embora – certo! Entro na minha rua – certo! Vou até o portão de casa – certo! Prestes a entrar – certo!!! E...
Vejo que ele esta voltando – errado... Ele só foi até o meio da rua – errado? Ele esqueceu a lanterna em frente à casa vizinha! – errado! Ele vai me ver – Erradíssimo! Ele esta subindo a rua – Catástrofe! Tenho que correr! – Oh cara! Mau dia, mau dia!
Como o terreno ao lado da minha casa é razoavelmente grande, a única forma de protege-lo seria cercando-o. E na época com arame farpado...
Arghhh!!!
Parece sacanagem (quem dera tivesse sido), mas não foi... Aconteceu. Na ânsia de fugir, dou um pulo magistral pela cerca e me estrepo todo do outro lado. Instintivamente olho para ver se o vigia notou algo. Que nada! Essa mala parece estar no mundo Lua, acho que ele enche a lata pra poder ficar acordado toda a madrugada. Ou então se droga. Enfim...
Agora acabou! Finalmente em casa! Só me resta entrar pela porta lateral que dá acesso a garagem e pronto!
Mas aí sinto um rosnado forte...
Que porra é essa? Assombração?
Não... Assombração não rosna desse jeito e nem fica fazendo “grrr”. Só pode ser o...
Meu cachorro! O Bóris!
Mas não. Não era... Não mesmo...Era outro... Enorme... Preto e com cara de poucos amigos... Um vira lata super alimentado, bombado eu diria. Não sabia que cachorro de rua podia crescer tanto assim! O que será que andam jogando no lixo hoje em dia? Elemento X?
Ele late!
Que ousadia! Latir pra mim dentro da minha própria casa!
E continua latindo!
Ele deve dormir toda noite aqui e já deve considerar a quadra como território dele.
E late mais alto!
Tenho que silenciar esse bicho...
Começa a mostrar os dentes...
Será que ele vai avançar?
Ele avança!
E eu corro! Mas corro de uma maneira como eu nunca corri antes. Tento correr de maneira furtiva, ou seja, na ponta dos pés (parecia um flamingo querendo acasalar). Tudo pra não chamar a atenção do pamonha que estava vigiando a rua do lado de fora do quintal.
A conclusão da corrida, do barulho que inevitavelmente eu fiz, da fúria do meu papi e de toda a merda que deu depois, vc confere na próxima e ultima etapa deste continho cabuloso (entre muitos que aconteceram no Conjunto Fantasma!).
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