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Diálogo a margem do tempo (recordando)

“Eu me lembro de você ter falado alguma coisa sobre mim...
E logo hoje tudo isso vem a tona e me parece...
...cair como uma luva.”
*

************************************************

Ele: Quer dizer que é uma dor prazerosa?

Ela: Isso mesmo...

Ele: Que paradoxo...

Ela: Nem tanto. Mas o importante é o lance do momento.

Ele: Momento?

Ela: É... Momento certo.

Ele: Mas antes não era o lance do “cara certo” ?

Ela: Hehehe! desencana... Isso não existe...

Ele: Como assim? Antes vc me falava que existia e que o cara teria de ser assim assado, coisa e tal... Como de uma hora pra outra esse ideal some?

Ela: Mas ele não sumiu! Apenas foi adiado.

Ele: Adiado pra quando?

Ela: Adiado pra quando eu souber reconhece-lo!

Ele: Vc ainda não sabe? Como espera encontra-lo então?

Ela: Aí é que esta! Com o passar do tempo e das experiências eu terei mais chances de reconhece-lo.

Ele: Não entendo... Vc já passou por poucas e boas, sempre se protegendo. O seu pretexto era: “Não me envolvo mais, porque não tenho certeza de que esta pessoa seja a certa”. O que mudou?

Ela: Vc gosta de ler? Conhece Gabriel Garcia Márquez?

Ele: É claro que gosto! Conheço pouco... Só li o “Cem Anos de Solidão”

Ela: Pois é, ótimo livro por sinal... Então, o Gabriel tem um texto chamado “13 Linhas para Viver”, conhece?

Ele: Não é um daqueles PPS vagabundos que sempre passam pra gente por e-mail?

Ela: Hahaha! Admito que esse lance de corrente de e-mails seja a maior furada. Mas vc já o leu?

Ele: Li. Mas nem lembro... Não levo essas coisas a sério...

Ela: Deveria ter lido. Às vezes tem coisas boas por lá. Então, nesse texto a nona linha era interessante e demonstra bem a idéia que quero passar pra vc.
Ele: Que seria?

Ela: “Quem sabe Deus queira que conheças muita gente enganada antes que conheças a pessoa adequada, para que quando no fim a conheças, saibas estar agradecido”.

Ele: Emblemático... Mas é bonito...Tudo bem! Porém, admita que o titulo do texto é pretensioso...

Ela: Bom isso é. Mas e aí? Entendeu?

Ele: Acho que sim. Vc acha que já conheceu muita gente enganada?

Ela: Talvez... Não quero agigantar a minha mágoa. Isso seria ridículo. Porém, creio que o que tive oportunidade de conhecer já me bastou...

Ele: Então resolveu ir em frente? Entregar-se?

Ela: É. A necessidade aliada à razão torna a vontade insuperável...

Ele: Vc se arrepende?

Ela: De maneira alguma...

Ele: E o teu namorado? Como vc acha que ele vai reagir? Pô! 1 ano e 6 meses...

Ela: e nada...

Ele: Pois é...

Ela: Soa injusto, né? Eu sei. Até algumas amigas minhas acharam. Mas quer saber? Ele estava ciente disso. Acho que sabia que não seria com ele.

Ele: Como vc sabe? Perguntou?

Ela: Não. Intuição Feminina, sabe? Dentro de tudo até que entendo a magoa dele. Mas ele terá de perceber que teve o melhor de mim na época em que estivemos juntos. E se for pra fazer justiça, eu diria que no momento em que estávamos juntos, ele foi único para mim.

Ele: Não entendo. Se vc gostava dele, porque não foi com ele?

Ela: Por que eu não quis. Simples assim. Eu mando no meu corpo. Não me sentia obrigada a fazer isso só porque ele pedia, isso teria de partir de mim. É uma pena que não tenha sido com ele. Mas pensando bem, acho que se estivesse com ele até hoje, ainda assim não teria rolado.

Ele: Isso não é justo...

Ela: Vcs tem que rever o seu sentimento de posse. Entendam, nem sempre dá certo.

Ele: Mas ele não gostava de ti?

Ela: Sim, eu creio que sim. Mas a relação é um via de mão dupla entende?

Ele: Vc não gostava o suficiente né?

Ela: Vc não entendeu. É diferente, são formas diferentes...

Ele: Acho que agora entendo. Também já aconteceu comigo. E me arrisco a dizer que sei qual foi o erro dele. Se é que se pode chamar assim...

Ela: Digamos que foi uma falta.

Ele: Ok! Falta. Tenho certeza que ele gostava de vc. Porém de uma forma até maior à sua para com ele. Eu via isso em seus olhos.

Ela: Eu sei...

Ele: Talvez até te amasse. E se foi isso o seu erro foi justamente aí.

Ela: Porque?

Ele: Pq o amor não deve pedir nem tampouco exigir. Quando ele tiver a força de fazer chegar em si mesmo a certeza, então passará a atrair em vez de ser atraído. O amor dele era atraído por vc. Não teve tempo de chegar a atrair...

Ela: Profundo... Onde vc leu isso?

Ele: Hehehe por aí... Adaptei grande parte da idéia e cheguei a conclusão de que tem algo de verdade. Até me fez entender por que na hora H eu fiquei sozinho...

Ela: Mas a sua estória não foi totalmente parecida com a minha.

Ele: É claro que não. Eu não cheguei a amar. Ainda não. Mas quando chegue, farei com que ela seja uma conquista e não uma dádiva.

Ela: E porque?

Ele: Porque não quero me perder no amor...

Ela: Boa sorte pra vc então!

Ele: Pra vc tmb. Desculpa ter te julgado precipitadamente.

Ela: Tudo bem... Isso é normal. Só espero que vc não alimente uma idéia romântica sobre a solidão.

Ele: Não se preocupe. Apesar dela ser uma constante, ela se tornou uma aliada para conseguir o que quero. Pois só entendendo a minha situação atual é que darei o devido valor a quem mereça.

Ela: Hummm! Paradoxo isso...

Ele: Assim como a sua “dor prazerosa”

Ela: Hehehe! é isso aí...

Ele: Podicrê!

************************************************

“E talvez a chuva, o cinza, o medo, a vida
sejam como eu...
Ou talvez porque você esteja (de repente) assistindo
muita televisão...
E como um deus que não se vence nunca,
o seu olhar não consegue perceber...
Como uma chuva, uma tristeza
podem ser uma beleza.
Assim como o frio, uma delicada forma de calor...”.
*

* Lobão – Uma delicada forma de calor

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