É noite...
Uns dormem, outros não
Pois vem chegando o açoite
Que ameaça o seu coração.
Angustia do desconhecido
Aflição batendo no peito
Sensação de tempo perdido
Abandono tardio do leito.
“Besteiras” – afirma o incauto
“Ilusões” – pensa o sonhador
“É cansaço” – julga o fausto
“Tenho medo” – diz o sofredor
E o coração continua...
Parece até... acostumado?
Não. Ele apenas dissimula
Pra não ser ignorado.
Coração, carente, vazio e perdido
Em águas onde a vida não conduz
Cuia desce, chama acesa sonda o rio *
Começando o resgate da luz **
E na noite
Permaneço vivo e são
Mas tomara que ela solte
As amarras do meu coração...
... na noite!
* Raízes Caboclas - Resgate.
** Nas comunidades ribeirinhas da Amazônia, quando uma pessoa desaparece por uns 3 dias e há suspeita de afogamento, as pessoas do vilarejo colocam uma vela acesa dentro de uma cuia e a soltam no rio. Numa espécie de crença popular, acredita-se que onde a cuia parar aí será o local onde se deve mergulhar para resgatar o corpo da pessoa afogada. É o chamado resgate da luz.
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