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Continuidade

Já faz um tempo que eu venho adquirindo mais consciência do meu papel na família. Antes, pelo fato de eu ser o caçula, encarava tudo de forma despreocupada e um tanto quanto irônica. A ironia é uma característica que eu não irei largar tão cedo, mas a despreocupação com algumas coisas, bem, esta terá que dançar...

No ambiente familiar, mais especificamente no relacionamento entre irmãos, dificilmente existe um equilibrio justo entre as partes. Um dos dois sempre arca com as conseqüências e responsabilidades. Ou o primogênito toma as rédeas das família e leva pra frente (enquanto o caçula fica de bobeira e com mais liberdade pra tomar escolhas) ou ele cai fora deixando a barca seguir com o irmão mais novo, que a essa altura acostumado com a moleza, não quer saber de pegar no batente.

Foi mais ou menos isso que aconteceu em casa. Eu tenho uma irmã que é 5 anos mais velha do que eu. Mas as responsabilidades sempre foram divididas, nunca ninguém ficou com mais deveres ou folga do que o outro. Embora eu admita ter sido um pouco mimado até os meus 16 anos.

Mas após ter começado a trabalhar, tudo mudou, as coisas assumiram outra perspectiva. A minha irmã (primogênita no caso), largou mão de tentar seguir um padrão familiar (se é que se pode dizer assim) e foi a luta construir algo pra ela. Nesse ponto eu a admiro muito...

Ela namorou, noivou e está prestes a se casar... Se mudou de casa há uns 3 meses. Tem a sua vida estabilizada, relativa independência financeira e companhia querida. Tem tmb a minha irmãzinha, mas essa garota nasceu virada pra Lua. Tem duas famílias pra cuidar dela e com certeza não terá nenhuma pressão com relação a caminho incertos.

Nel, Juliana e eu, no ap. da primeira

E eu?

Fiquei... fui ficando, fui crescendo... Fui estudando, trabalhando e tal... E acabou que sou eu quem vai herdar algo nessa estória toda. Muito bom, muito legal... mas... e os meus objetivos?

Na época em que eu tive que escolhe-los não sabia o que fazer, então acabei optando pelo óbvio segmento familiar. Mesmo emprego, mesma vida, mesmo objetivos...

Mas...

Agora que sei o que quero, esbarro num pequeno problema: Não tem quem leve adiante o barco. Não posso me dar ao luxo de largar uma coisa pela qual a família suou tantos anos pelo simples desejo de seguir um objetivo pessoal. Não agora... Talvez depois...

Mas o tempo urge! E essa maldita adaga cobra um preço sensível a cada minuto.

Sim, eu acredito no tempo... Pq? Pq ele é relevante pra uma porrada de coisas. Coisas que pra mim talvez não tenham tanta valia, mas que infelizmente pra maioria (e não esqueça que vivemos em sociedade) tem.

Soa conformista, mas esta é a realidade. Por quanto tempo eu não sei. E às vezes nem quero saber.

Meu velho vive falando em sucessão (temos uma micro empresa e eu trabalho com ele há uns 2 anos). Minha mãe trabalha muito e tmb tem uma independência financeira. Minha avó por mais que cuide da casa muito bem, não irá durar para sempre (na verdade nem sei se dura mais um ano...)

As vezes penso que vou acabar só...

Não só de uma maneira fodida, mas só como um eremita moderno. Apenas eu e a minha caverna lá no ultimo andar...

...

Talvez isso seja a solidão em si ou o medo dela.

Mas quero crer que seja apenas uma de suas faces mais estranhas. A face libertadora e amigável do amadurecimento, da fé em algo. Do sentimento, não de isolação, mas de independência.

É um ciclo que chega ao fim. Como tantos outros...

Às vezes gosto de sentir os meus pés balançando no vazio. Me faz sentir vivo. Por mais contraditória esta frase seja...

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