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Revival 2

É... novamente...

Esse seria o 2º post “Revival” do antigo blog. Esse assunto veio a tona após uma pergunta feita pelo Lepárido, sei que talvez isto não responda totalmente a pergunta. Mas de qualquer maneira é o início de tudo. Basicamente...

Te estraño... (post originalmente publicado em 14/03/04)

Tudo começa em 75 quando o meu pai saiu da Argentina e veio pra Manaus por motivos de trabalho. Na época ele trabalhava numa multinacional do ramo da telefonia que tinha ganhado uma concorrência pra instalar as primeiras centrais telefônicas fixas daqui.
A empresa pagava tudo: moradia, alimentação, vestuário. Terminava o expediente, ele e os amigos (argentinos tmb) saiam pra dar uma role pela cidade. Numa dessas saídas ele conheceu a minha mãe, que estava em Manaus há uns 4 anos (tinha vindo pra morar e estudar), a família dela era toda de Parintins, mas já haviam alguns irmão e tios por aqui.
O meu pai tinha só a minha avó (que tinha ficado na Argentina) e uma irmã que já tinha casado. Pois bem, eles se conheceram coisa e tal, namoraram, ficaram noivos, moraram juntos (aí nasceu a minha irmã mais velha, Marinel, em 76) e chegou uma hora em que a empresa o chamou de volta e ele teve que ir.
Um ano depois ele retorna e eles decidem se casar, no decorrer de tudo isso, ainda não havia planos sobre mim, visto que a mamãe sempre teve problemas no ovário (isso é hereditário, coisas da família Ferreira). Complicações. Ela teve que se operar e ficou só com um ovário e ainda por cima com cisto...
Mas como dizem: “vaso ruim, não quebra fácil” eu acabei sendo gerado nesse ovário “podre”. Dizem que não época tinha sido um negócio difícil de acreditar, mas aconteceu, tô aqui de prova, hehehe...Isso foi em 81...
Nessa altura, eles já estavam casados e com residência em Buenos Aires. Moravam meu pai, minha mãe, minha irmã (com cinco anos) e minha avó paterna (que mora conosco até hoje). Como na época havia uma lei que dizia que todo o estrangeiro que quisesse fixar residência no Brasil deveria: ou pagar um taxa ao governo (algo em torno de 6 mil dólares) ou ter filhos legítimos com uma brasileira, por essas e por outras o meu destino foi o de nascer aqui em Manaus, visto que o meu velho tinha planos de se mudar pra cá mais tarde. Logo após o nascimento fui “deportado” pra Argentina. Morei em Buenos Aires desde os 5 meses até os 6 anos.
Lembro de algumas coisas de lá, lembro que as pessoas eram bem diferentes das daqui. Um outro nível, nem inferior nem superior, apenas diferente. A cultura e educação que tive até então, sofreram um verdadeiro choque 5 anos depois(quando cheguei a Manaus). Primeiro pq eu mal sabia falar direito o português e segundo que eu era um cara muito tímido. Mas com o passar do tempo, a gente vai se adaptando e começando a se acostumar com o novo ambiente. Não totalmente, mas se acostuma...
Nunca mais tinha voltado pra lá, tive muita vontade, mas por causa da situação econômica e por causa da nossa vida aqui, nunca tínhamos tido oportunidade. Até que no final de 98, toda a família Bondziul, pode de certa maneira retornar as raízes. O que reparei é que o mesmo estranhamento que senti quando tinha chegado em Manaus pela primeira vez (no final de 87), se fez presente novamente e desta vez com relação à cidade que conheci pela primeira vez na vida...
O fato é que eu não pertenço mais a aquele lugar e ainda me sinto forasteiro aqui. Tipo aquela música dos Titãs: "Lugar Nenhum", é mais ou menos assim que me sinto...Mas acho que um dia ainda vou me sentir em casa em algum lugar...


Não reparem no meu estilo "a la Elvis", essa é a praça que fica em frente a Casa Rosada(ui!), que apesar do trocadilho infame é a sede do governo na Argentina, algo assim como o Palácio do Itamarati aqui. É a Plaza de Mayo em janeiro de 99, a mesma que quase 3 anos depois viria a ser o palco do confronto entre a polícia e a população, para derrubar o governo De la Rua e que acabou deixando o país em um verdadeiro caos...

Apesar de já ter passado um tempo desde que publiquei esse post, a sensação de estranhamento continua... Mas isso não é de todo mal...


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